De quem é a culpa? Quais são as soluções?
Poderíamos apertar o gatilho da usual metralhadora giratória dos problemas: altos impostos, burocracia, “custo Brasil”, tipo de colonização, empresários inescrupulosos etc. Mas a culpa de verdade sabe de quem é? Em última análise, a culpa é sua, por dois motivos.
Primeiro, quando foi que você votou em um político que falou que melhoraria essa zorra? Ou você deu seu voto a um amigo de um conhecido “para dar uma força”? Quando foi a última vez que você enviou um email para o seu senador e/ou para o seu deputado federal cobrando mudanças?
Acabamos de sair de uma eleição recente, e não adianta falar de candidato ou partido “A”, “B” ou “C”, porque nenhum dos candidatos a presidente resolveria o problema. Pois para resolvê-lo exige “cojones” para enfrentar o status quo, de fazer uma reforma tributária para acabar com a cobrança de impostos em cada etapa do processo produtivo (impostos em cascata) em vez de apenas cobrar um imposto único na ponta final, simplificar o sistema tributário, de acabar com os 64 tipos diferentes de impostos que temos no Brasil, de abrir mão da receita gerada pelo imposto de importação e demais custos de importação. Sinceramente, se diminuissem o imposto de importação, o aumento no consumo não acabaria por aumentar a arrecadação?
Mas o governo não fará isso. Pelo simples fato que o governo (não importa de qual partido) sempre gasta mais do que arrecada e é estimulado a continuar dessa forma (afinal, não há qualquer medida para estimular políticos e funcionários públicos a economizarem dinheiro; inclusive quem economiza é punido recebendo menos verba no ano seguinte).
Basta lembrar da CPMF/IPMF, imposto altamente polêmico e quando derrubaram, o poder executivo à época reclamou que era um absurdo o congresso reduzir a arrecadação do governo, esquecendo-se que o imposto não deveria ser cobrado para início de conversa e, segundo, era destinado a saúde e, até onde sabemos, a situação de miséria da saúde brasileira não foi resolvida. O que o governo fez? Transformou os 0,38% da CPMF em IOF em cima de operações de câmbio, incluindo cartões de crédito internacionais, aumentado para 6,38% em 2011. Ou seja, na prática, além da CPMF não ter deixado de existir, foi aumentada em mais de 1600%.
Pergunta: você já viu político brasileiro reduzindo imposto ou seu próprio salário?
Muitos políticos aparentemente não entendem que o papel deles é transformar a vontade do povo em realidade, para melhoria da nossa sociedade. Mas, infelizmente, muitas vezes parece que eles governam para si próprios (enfatizando que essas minhas críticas independem de quem esteja no governo no momento). Mas fica novamente a pergunta: quem os colocou lá?
Do ponto de vista das empresas, para que mudar se há consumidores dispostos a pagar 70% a mais por um produto obsoleto? Em qualquer país desenvolvido, os consumidores boicotariam tais produtos, e os fabricantes mudariam a sua estratégia depois de ficarem com seus armazéns cheios de produtos encalhados. But wait... as empresas gringas não estariam justamente desovando aqui o que eles não conseguem vender lá fora? No Brasil? Pode botar qualquer coisa, inclusive o iPhone e o PlayStation 4 mais caros do mundo, que os otários compram. Este é o segundo motivo que eu acredito que a culpa seja sua, caro consumidor.
Alguns leitores (certamente mais jovens e que não viveram os anos 1980) gostam de comentar que o governo deveria tabelar preços e limitar os lucros que os empresários deveriam ter. Isso não funciona, basta ver o que aconteceu em 1986 e 1987 durante o plano Cruzado. Ademais, colocar o governo na equação, quando ele é parte do problema, só vai piorar as coisas (acho engraçado: o pessoal vota em políticos despreparados e depois quer que político incompetente resolva o problema?). A solução, mais uma vez, tem de vir do povo, através de protestos pacíficos (tais como o boicote dos produtos caros e obsoletos, além de passetas e protestos virtuais em redes sociais), cobrando mudanças dos políticos eleitos e votando em políticos dispostos a mexer nesse vespeiro que é o nosso país. Um dia, quem sabe, essa coisa muda.
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