AMD: análise de 1996 a 1999
Na tabela abaixo você confere um resumo da situação financeira da AMD entre 1996 e 1999. Neste período, a empresa apresentou prejuízo, relativamente baixo. Uma discussão detalhada para cada ano é dada em seguida.
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1996 |
1997 |
1998 |
1999 |
Faturamento |
US$ 1.953 |
US$ 2.356 |
US$ 2.542 |
US$ 2.858 |
Lucro/(Prejuízo) |
(US$ 69) |
(US$ 21) |
(US$ 104) |
(US$ 89) |
Ativos |
US$ 3.149 |
US$ 3.515 |
US$ 4.253 |
US$ 4.378 |
Dívidas |
US$ 472 |
US$ 729 |
US$ 1.517 |
US$ 1.475 |
Valor de mercado |
US$ 3.433 |
US$ 2.466 |
US$ 4.137 |
US$ 4.230 |
Empregados |
12.200 |
12.800 |
13.800 |
13.387 |
Presidente |
Jerry Sanders |
Jerry Sanders |
Jerry Sanders |
Jerry Sanders |
1996: fracasso do K5 e compra da NexGen
A primeiro prejuízo que a AMD teve foi em 1996. Este prejuízo, porém, pode ser facilmente explicado pela queda no faturamento da AMD de US$ 2,43 bilhões para US$ 1,95 bilhões. Não tivesse havido esta queda, a empresa estaria operando no azul neste ano.
Essa queda no faturamento foi causada pela baixa demanda por processadores 486. A AMD lançou o processador K5, que não conseguiu atingir boa partipação de mercado por ter sido lançado muito tardiamente, em março de 1996, enquanto que o processador Pentium já estava no mercado desde 1993. Esta realidade, porém, não era desconhecida da AMD, pois em seu próprio balanço de 1996 (p. 12) ela afirma:
“A empresa está atualmente vendendo seus produtos K86 de quinta geração (...) que são desenvolvidos para serem concorrentes do Pentium, o processador de quinta geração da Intel. A empresa antecipa que o microprocessador AMD-K5, que foi lançado relativamente tarde no ciclo de vida dos microprocessadores de quinta geração, será um produto de transição, e não resultará nos níveis de faturamento que a empresa observou com o microprocessador Am486. Os processadores AMD-K5 não tiveram, até o momento, aceitação substancial do mercado, o que causou e continua causando um efeito adverso na empresa. A empresa pretende começar a vender seu microprocessador de sexta geração, o AMD-K6, no segundo semestre de 1997, no entanto nenhuma garantia pode ser dada que esse início de vendas se concretizará.”
Em 17/01/1996, a AMD comprou a NexGen, que talvez tenha sido o negócio mais importante da AMD, pois eles estavam desenvolvendo um processador chamado Nx686 que foi posteriormente lançado pela a AMD como K6. O investimento foi pago em ações da AMD.
A AMD agora dividiu-se internamente em três grupos: microprocessadores (CPG, Computation Products Group), comunicação e componentes (CCG, Communications and Components Group), e circuitos lógicos programáveis (Vantis).
Interessante notar que em 1996, 70% do faturamento da AMD foi oriundo de circuitos integrados diversos (CGC) e 13% foi oriundo de circuitos lógicos programáveis (Vantis, que a empresa anunciou que separaria em uma empresa a parte em 1997). Ou seja, apenas 17% do faturamento da AMD em 1996 foi gerado pela venda de processadores, corroborando com a questão da queda da demanda por seus processadores.
Investimentos neste ano incluem o início da construção de uma segunda fábrica da FASL no Japão e o aluguel de um terreno em Suzhou (China).
1997: o sucesso do K6 e início de construção da fábrica na Alemanha
O processador K6 foi lançado no final de 1997 e foi um grande sucesso, dobrando o faturamento da divisão de processadores da AMD (lembrando que o K6 era na realidade o processador Nx686 da NexGen renomeado) e passando a representar 29% do faturamento da empresa.
A AMD em 1997 dividiu o grupo de comunicação de componentes (CCG) em dois, memória (a AMD fabricava memórias flash e EPROM) e comunicação, que representaram 31% e 30% do faturamento, respectivamente.
Conforme havia anunciado, a AMD separou a sua divisão de circuitos lógicos programáveis em uma empresa a parte, chamada Vantis. Representava 10% do seu faturamento em 1997.
Apesar do sucesso do K6, a empresa teve um pequeno prejuízo, de US$ 21 milhões, por causa da expansão da Fab 25 (segunda fase) e por causa do investimento em sua nova fábrica (Fab 30) em Dresden, na Alemanha, cujas obras começaram em 1997, a um custo estimado de US$ 1,9 bilhão.
A segunda fábrica da FASL ficou pronta no Japão neste ano.
1998: o sucesso continua com o K6-2
O ano de 1998 marcou um aumento estupendo na participação da divisão de processadores no faturamento da empresa, para 50% do faturamento, graças ao sucesso do seu novo processador, o K6-2.
O grupo de memórias (flash e EPROM) passou a representar 22% do faturamento, enquanto que o grupo de comunicação passou a representar 20% do faturamento. Os 8% restantes ficaram com a Vantis (circuitos lógicos programáveis).
A fábrica Fab 25 passou a fabricar em processo de 0,25 µm, isto é, 250 nm e, de acordo com a AMD, estava operando a 80% da capacidade.
Mesmo com o sucesso do K6-2 e com o aumento do faturamento da empresa, ela teve prejuízo. De acordo com a AMD, o faturamento poderia ter sido ainda maior (e o prejuízo, menor), não fosse a Crise Asiática, que diminuiu o consumo mundial. Outros fatores que fizeram a empresa ter prejuízo foram o gasto com a construção da fábrica na Alemanha (que também fez a dívida da empresa aumentar) e a parceria iniciada com a Motorola para a pesquisa e desenvolvimento e compartilhamento de patentes de memórias flash e circuitos lógicos. O objetivo da AMD era ganhar acesso à tecnologia de fabricação de circuitos lógicos usando conexões de cobre, enquanto dava à Motorola acesso à sua tecnologia de fabricação de memórias flash.
A AMD iniciou a construção de mais uma unidade de montagem e testes em seu terreno em Suzhou (China).
1999: K6-2, K6-III e Athlon (K7), mas prejuízo
Em 1999, a participação de processadores no faturamento da AMD continuou crescendo, passando a 58% do total. O K6-III foi lançado em janeiro de 1999 e o Athlon (K7) foi lançado no segundo semestre do ano, mas o carro-chefe da empresa continuou sendo o K6-2.
O grupo de memórias (flash e EPROM) representou 27% do faturamento da empresa, enquanto que o grupo de comunicação representou 10%.
Já a Vantis representou 3% do faturamento da empresa, sendo que esta subsidiária da AMD foi vendida em 1999 para a Lattice por US$ 500 milhões, mantendo um contrato para a fabricação de semicondutores para esta empresa.
Apesar do aumento do faturamento e a continuação do sucesso do K6-2, a AMD teve prejuízo de US$ 89 milhões. Um dos motivos foi culpa da própria AMD, que teve problemas na implementação de seu processo de fabricação, o que resultou na fabricação de uma quantidade inferior à planejada de processadores K6-2 no primeiro trimestre de 1999. Em bom português: faltou processador K6-2 no mercado e a AMD não deu conta do recado. Outro motivo foi o corte de preços promovido pela Intel. Ambos fatos estão documentados no balanço da AMD.
Além disso, houve gastos com investimentos que a empresa fez: a fábrica da Alemanha (Fab 30) ficou pronta e a AMD começou a equipá-la em 1999, e a unidade de montagem e testes em Suzhou (China) também ficou pronta.
A Fab 25 foi equipada para fabricar semicondutores usando processo de 0,18 µm (180 nm).
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