AMD: análise de 2008 a 2011
Depois de tantos prejuízos e péssimas decisões, Hector Ruiz finalmente saiu da empresa (oficialmente ele pediu demissão) e outro presidente assumiu, Dirk Meyer. Este período marca a volta da lucratividade da empresa e a separação das fábricas em uma nova empresa.
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2008 |
2009 |
2010 |
2011 |
Faturamento |
US$ 5.808 |
US$ 5.403 |
US$ 6.494 |
US$ 6.568 |
Lucro/(Prejuízo) |
(US$ 3.129) |
US$ 304 |
US$ 471 |
US$ 491 |
Ativos |
US$ 7.672 |
US$ 9.078 |
US$ 4.964 |
US$ 4.954 |
Dívidas |
US$ 5.074 |
US$ 4.731 |
US$ 2.421 |
US$ 2.016 |
Valor de mercado |
US$ 1.314 |
US$ 6.495 |
US$ 5.587 |
US$ 3.722 |
Empregados |
14.700 |
10.400 |
11.100 |
11.100 |
Presidente |
Hector Ruiz/Dirk Meyer |
Dirk Meyer |
Dirk Meyer |
Rory Read |
2008: troca no comando
O ano de 2008 foi marcado por mais um prejuízo gigantesco, de US$ 3,1 bilhões. Com a crise financeira global de 2008, o valor de mercado da AMD atingiu o seu pior valor para o período que estamos analisando neste artigo: US$ 1,3 bilhão, menos do que a empresa valia em 1995 (US$ 1,5 bilhão).
O faturamento de 2008 foi similar ao de 2007, com a seguinte divisão: processadores e chipsets, com 78,5% de participação; produtos gráficos, com 20% de participação; e o restante formado por chips para dispositivos handheld.
No balanço deste ano, a AMD reavaliou novamente a compra da ATI, e desta vez descontou um valor total de US$ 2,7 bilhões, isto é, este é agora o valor que a AMD julga ter pago mais do que deveria pela ATI.
Outros fatos relevantes de 2008:
- Iniciou um processo judicial contra a Samsung por quebra de patentes.
- Vendeu a divisão de chips para televisão digital, que havia sido herdada da ATI, para a Broadcom, por US$ 141,5 milhões.
- Os produtos oriundos da antiga ATI continuavam sendo fabricados, encapsulados e testados por empresas terceirizadas.
- Terminou a transição da Fab 30 para wafers de 300 mm e tecnologia de 65 nm, tendo sido renomeada para Fab 38. A Fab 36 passou a fabricar em processo de 45 nm.
- Assinou acordo com a ATIC (empresa pertencente ao governo de Abu Dhabi, dos Emirados Árabes Unidos, atualmente chamada Mubadala Technology) e a WCH para a criação de uma empresa para a fabricação de chips, chamada inicialmente apenas de “The Foundry Company”. Esta empresa herdaria os ativos e passivos das fábricas da AMD na Alemanha. Este projeto foi levado adiante em 2009, com o nome “GlobalFoundries”. De acordo com o balanço, a criação desta empresa era essencial para a AMD recuperar a sua lucratividade.
2009: GlobalFoundries
Em 2009 a AMD foi adiante com o seu plano de criar uma empresa separada, tendo as empresas ATIC e WCH como sócias, para acomodar os ativos e os passivos da suas fábricas na Alemanha. Com isso, a AMD passou a ser um fabricante de chips sem fábricas, com toda a sua produção terceirizada, a exemplo do que a NVIDIA faz. Esta nova empresa chama-se GlobalFoundries. Portanto, 2009 foi um ano em que a AMD mudou o seu modelo de negócios.
A ATIC, a principal investidora, colocou US$ 1,4 bilhão no negócio, se comprometendo a colocar pelo menos mais US$ 3,6 bilhões, até um limite de US$ 6 bilhões durante um período de cinco anos.
O número de funcionários da AMD em 2009 caiu justamente porque cerca de 3.000 funcionários que pertenciam à AMD passaram a fazer parte da GlobalFoundries.
No final de 2009, a Chartered, empresa que fabricava processadores para a AMD, também foi comprada pela a ATIC.
Essa mudança juntamente com o término do processo contra a Intel (que pagou US$ 1,25 bilhão à AMD, além de entrarem em acordo em relação às demandas da AMD) deu um novo “gás” na AMD, que voltou a operar no azul.
Curiosamente, a pessoa apontada para ser presidente da GlobalFoundries foi o ex-presidente da AMD, Hector Ruiz, que pediu demissão por causa da investigação de “insider trading”, onde um alto executivo não identificado da AMD deu detalhes da criação da GlobalFoundries antes de esta informação se tornar pública, no maior escândalo de “insider trading” da história, que incluiu várias outras empresas. Raj Rajaratnam do fundo Galleon mantinha pessoas-chave dentro de empresas (da Intel, inclusive) que eram pagas para passar a ele informações confidenciais para que ele lucrasse, comprando e vendendo ações antes de uma notícia boa ou ruim chegasse ao mercado. Hector Ruiz não foi formalmente implicado no escândalo pela justiça norte-americana.
Ao término de 2009, a AMD era dona de 31,6% da GlobalFoundries, enquanto a ATIC era dona dos demais 68,4%.
Importante notar que a GlobalFoundries fabricava apenas as pastilhas de silício; o encapsulamento e teste continuava sendo feito pela própria AMD, em suas fábricas em Penang (Malásia), Singapura e Suzhou (China).
O faturamento de 2009 ficou dividido da seguinte forma: 76,4% com processadores e chipsets; 22,3% com produtos gráficos; e 1,3% com produtos para handhelds.
Em 2009, a AMD vendeu para a Qualcomm, por US$ 65 milhões, sua divisão de chips para telefones móveis, Imageon, que havia herdado da ATI. A AMD venda excluiu o nome Imageon, e a Qualcomm adotou o nome Adreno para esses chips.
2010: lançamento das APUs
O ano de 2010 foi tranquilo para a AMD. Seu faturamento, o maior de sua história até então, foi dividido da seguinte forma: 74,2% com processadores e chipsets; 25,6% com produtos gráficos; e o restante com produtos para aparelhos handheld. Apesar de a AMD ter vendido esta divisão para a Qualcomm, ela ainda tinha chips em estoque.
Em relação ao processo judicial iniciado em 2008, a Samsung entrou em acordo com a AMD e pagou US$ 283 milhões.
A ATIC colocou mais dinheiro na GlobalFoundries e, com isso, a participação da AMD na GlobalFoundries diminuiu para 23%.
2011: nova troca de presidente
O ano de 2011 foi mais um ano tranquilo para a AMD, com seu faturamento aumentando ainda mais e, até hoje, sendo o maior faturamento já obtido. Ele foi dividido da seguinte forma: 76,1% com processadores e chipsets; 23,8% com produtos gráficos; e 0,1% com produtos para dispositivos handheld.
Neste ano a AMD migrou para o processo de fabricação de 45 nm.
Como você pode ver, 2010 e 2011 foram anos tranquilos para a AMD, sem grandes problemas no campo finaneiro.
Neste ano, Dirk Meyer foi afastado da empresa pelo conselho de administração, sendo substituído por Rory Read. Não se sabe ao certo os motivos; especula-se que tenha sido um conflito na visão de longo prazo da empresa.
A ATIC colocou mais dinheiro na GlobalFoundries e, com isso, a participação da AMD na empresa passou a ser de 13%.
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