AMD: análise de 2016 a 2019
A partir de 2018, a AMD conseguiu recuperar o seu valor de mercado, graças ao lançamento da arquitetura Zen, reequilibrando suas finanças. Com isto, seu valor de mercado disparou em 2019.
2016 | 2017 | 2018 | 2019 | |
Faturamento | US$ 4.319 | US$ 5.253 | US$ 6.475 | US$ 6.731 |
Lucro/(Prejuízo) | (US$ 498) | (US$ 33) | US$ 337 | US$ 341 |
Ativos | US$ 3.328 | US$ 3.552 | US$ 4.556 | US$ 6.028 |
Dívidas | US$ 1.559 | US$ 1.443 | US$ 1.306 | US$ 643 |
Valor de mercado | US$ 10.510 | US$ 9.918 | US$ 18.989 | US$ 53.660 |
Empregados | 8.200 | 8.900 | 10.100 | 11.400 |
Presidente | Lisa Su | Lisa Su | Lisa Su | Lisa Su |
2016: expectativa da arquitetura Zen faz valor de mercado disparar
O ano de 2016 fechou com uma excelente notícia para a AMD: depois de seu valor de mercado começar a despencar a partir de 2007, em 2016 vimos o valor de suas ações apresentarem uma valorização descomunal, de 356%. Seu valor de mercado passou de US$ 2,3 bilhões para US$ 10,5 bilhões, tudo em cima da expectativa da nova microarquitetura para processadores x86 chamada Zen, a ser utilizada em processadores como o Ryzen, pois demais indicadores, tais como faturamento, prejuízo e dívidas continuou em níveis similares aos de 2015.
Do faturamento de 2016 da companhia, 46% veio do segmento de computação e gráficos, patamar similar ao de 2015. Interessante notar que este segmento apresentou um prejuízo de US$ 238 milhões, enquanto que o segmento corporativo, embarcado e semipersonalizado teve um lucro de US$ 283 milhões, ou seja, a AMD tem prejuízo basicamente por conta de seus processadores e chips gráficos para usuário final. Por outro lado, o prejuízo deste segmento caiu em comparação a 2015, que foi de US$ 502 milhões. De acordo com a AMD, essa diminuição no prejuízo foi graças ao sucesso de seus chips gráficos codinome "Polaris".
A dívida de longo prazo da empresa caiu 25,5%, o que é excelente.
Como parte de seu plano de reestruturação, a empresa demitiu cerca de 900 funcionários.
Em 2016, a AMD se desfez de 85% da propriedade de suas fábricas de Penang (Malásia) e Suzhou (China).
2017: estabilidade, enfim?
Em 2017, a AMD viu seu faturamento aumentar, mas ainda com um pequeno prejuízo (na versão de 2018 desta análise, constava um pequeno lucro; a AMD, no entanto, posteriormente revisou seu balanço de 2017, devido à mudança na metodologia contábil, e o pequeno lucro transformou-se em um pequeno prejuízo). Se por um lado é motivo para comemoração, por outro fica claro que os resultados poderiam ser melhores, visto que em 2017 tivemos o lançamento da arquitetura Zen (processadores Ryzen para o mercado de consumidores finais e EPYC para o de servidores, do anúncio da parceria de fornecimento de chips gráficos para a Intel e, obviamente, novos modelos de chips gráficos, além da demanda acima da média por chips gráficos devido ao boom da mineração de criptomoedas. O valor de mercado manteve-se estável, bem como as dívidas. No lado positivo, o número de funcionários aumentou, o que é um bom sinal, e vimos também uma valorização nos ativos da empresa.
Do faturamento de 2017 da empresa, 57% veio do segmento de computação e gráficos, uma inversão da composição do faturamento da empresa, já que em 2016 a maior parte do faturamento da empresa (54%) vinha do segmento corporativo, embarcado e semipersonalizado. Isso reflete a maior demanda de produtos para usuários finais (processadores e chips gráficos) do fabricante. Ao analisarmos o lucro operacional da empresa por segmento, tivemos uma sensível melhoria. Enquanto que em 2016 o segmento de computação e gráficos apresentou um prejuízo de US$ 238 milhões, este valor foi revertido para um lucro de US$ 147 milhões em 2017. Por outro lado, o segmento corporativo, embarcado e semipersonalizado, que em 2016 obteve um lucro operacional de US$ 283 milhões, viu este número cair para US$ 154 milhões em 2017.
No balanço anual de 2017, a AMD destaca que esses resultados foram devidos ao aumento de 47% no preço médio de seus produtos (o que é justificável, já que a empresa lançou processadores mais caros), havendo um aumento real de apenas 2% no número de produtos vendidos.
2018: o ano da virada
Em 2018, a AMD lançou a segunda geração de seus processadores Ryzen, o que finalmente trouxe lucro à empresa, depois de seis anos de prejuízos. O faturamento cresceu, os ativos da empresa também cresceram, e o valor das ações da empresa dispararam, fazendo com que o valor de mercado da companhia aumentasse 91,5%. A empresa até mesmo contratou 1.200 novos funcionários.
Este aumento no faturamento e lucro veio do segmento de computação e gráficos, que obteve um aumento de 39% em seu faturamento em comparação a 2017. Este segmento representou, em 2018, 64% do faturamento total da empresa. Nos últimos quatro anos, tal segmento representou 46% (2015), 46% (2016), 57% (2017) e 64% (2018) do faturamento da empresa. Isto mostra uma tendência clara de a AMD voltar a focar em processadores e chips gráficos para consumidores finais desde que Lisa Su assumiu a presidência da companhia, o que também mostra, baseado nos resultados positivos, que esta certamente é a melhor estratégia para a firma.
No balanço anual de 2018, a AMD informa que houve um aumento médio de 15% no preço dos seus produtos e também um aumento em 17% em número de unidades vendidas, ambos provocados pelo sucesso do processador Ryzen.
Do ponto de vista tecnológico, é importante notar que historicamente a AMD sempre esteve atrás da Intel em tecnologia de fabricação de chips. Este quadro, no entanto, foi revertido em 2018, quando a AMD anunciou produtos fabricados com tecnologia de 7 nm (fabricados pela TSMC), enquanto a Intel luta, desde 2016 para lançar sua tecnologia de 10 nm (finalmente lançada em 2019). Esta inversão na liderança tecnológica é outro ponto que fez a AMD se recuperar a partir de 2018.
2019: estabilidade, enfim
O ano de 2019 foi o mais importante dos últimos anos para a AMD. Além de a empresa ter dado lucro pelo segundo ano consecutivo, vimos um pequeno aumento no faturamento, um aumento considerável em sua base de ativos, suas dívidas caindo pela metade e um aumento no número de empregados, o que é um excelente sinal. Com estes sinais positivos, o mercado recompensou bem a AMD: o preço de suas ações disparou, e seu valor de mercado subiu impressionantes 182,5%. Isto mostra que a presidente Lisa Su está no caminho correto na condução da companhia.
O segemento de computação e gráficos passou a representar 70% do faturamento da empresa em 2019, mostrando claramente a tendência de a empresa passar a focar neste mercado sendo, ao que tudo indica, uma estratégia vitoriosa.
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