

Introdução
O traffic shaping (modelagem de tráfego) é uma prática comum aplicada por diversas operadoras de Internet no mundo. Consiste basicamente em filtrar e modelar a largura de banda do assinante conforme várias definições que cada empresa desejar aplicar. Dessa forma, se você tem, por exemplo, uma conexão de 10 Mbit/s, pode ser que para vários sites e serviços sua conexão seja reduzida para qualquer valor abaixo ou muito abaixo disso sem que você saiba ou perceba.
Figura 1: exemplo de como o trafego de dados é limitado
Antes do Marco Civil da Internet, o traffic shaping não era explicitamente proibido, apesar de sempre ter sido visto pela comunidade técnica como uma prática desonesta. Afinal, se você está pagando por x de velocidade, espera que a operadora ao menos tente entregar essa velocidade. Contudo, a lei brasileira não é nada exigente para os assuntos relacionados a serviços de comunicação, sobretudo para com a Internet. Para se ter uma ideia, depois de anos de luta, discussões e processos jurídicos, a lei passou a obrigar que a velocidade média que as operadoras devem entregar no Brasil seja pelo menos de 80% do valor em contrato e a velocidade mínima não pode jamais ficar abaixo de 40%. Isso já pode ser considerado uma grande conquista, haja visto que antes de outubro de 2014 os valores permitidos eram ridiculamente baixos, de 20% e, muito antes, apenas 10%. Se aplicarmos essa lei a compras em geral, basicamente seria como se você fosse ao mercado e queira comprar um quilo de arroz, o mercado pode lhe entregar um pacote com 800 gramas e cobrar por um quilo. Isso sem contar com traffic shaping!
Dessa forma, tentar processar a operadora por não estar entregando o que foi vendido era sempre uma luta de Davi contra Golias.
Porém, depois do Marco Civil da Internet, o traffic shaping tornou-se oficialmente ilegal. Não por que a operadora entrega menos do que vende, mas por que classifica e prioriza dados, ferindo a neutralidade da rede que é um dos pilares do Marco.
Apesar do conhecimento público e das evidências, poucas operadoras admitem fazer ou já terem feito uso dessa prática. Nesse artigo, vamos tentar mostrar como funciona e como detectar se sua conexão está sendo afetada.
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